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A afirmação de Filipe Sambado
O mundo era outro sítio da última vez que nos encontrámos para falar da vida e do trabalho, em Fevereiro de 2020, antes da edição de Revezo. Filipe Sambado ia participar no Festival da Canção e lançar um disco que devia tê-la elevado para outro patamar. Ia sair em tour. Em vez disso, o país fechou e ela teve de se fechar em casa, a esgotar as poupanças que tinha amealhado nos últimos anos, a trabalhar para não enlouquecer, a trazer uma filha ao mundo. E a reflectir muito. Quando finalmente saiu de casa, tinha-se afirmado enquanto pessoa não-binária e passado a usar pronomes neutros ou femininos. Tinha, também, um disco quase pronto, que circula entre caixas de correio e drives do Google desde o início de 2023 – só demorou tanto a chegar aos ouvidos do público porque Sambado estava a tentar deixar a velha editora. Chama-se Três Anos de Escorpião em Touro. É um triunfo e a sua mais recente reinvenção. Vai apresentá-lo ao vivo na quinta, 16 de Novembro, no Lux. “Embora a ‘Faço Um Desenho’, que mesmo assim está muito diferente, tenha sido repescada do Revezo, o resto do disco começou a ser feito durante a pandemia”, conta. “Quis explorar processos de composição diferentes e adquirir novas ferramentas de gravação, que passavam muito por samplar cenas e ir compondo com esses samples.” Pela mesma altura, uma empresa multinacional lançou-lhe um desafio: fazer uma música com dois outros artistas. “Eu convidei o Bejaflor e o Conan [Osiris] e nós começámos a fazer a música. Mas o dinh
Com grandes orçamentos vêm grandes responsabilidades
★★★★☆ Há muito que os jogos de vídeo se tornaram a mais valiosa indústria cultural, ultrapassando todas as outras, incluindo a música e o cinema. Hoje, os maiores videojogos têm orçamentos de centenas de milhões de euros e precisam de vender dezenas milhões de unidades para serem rentáveis, o que tem contribuído para uma progressiva formatação e uniformização destes blockbusters – tal como acontece no grande ecrã. Marvel’s Spider-Man 2, um dos mais aguardados títulos do ano, protagonizado por um dos mais famosos super-heróis do mundo e produzido pelos estúdios Insomniac, com a chancela da PlayStation Studios, não foge à regra. E é esse o seu principal defeito. A história e os diálogos surpreendem, apesar das liberdades narrativas tomadas. Visual e tecnicamente também está tudo certo. O problema é tentar ser e fazer demasiadas coisas ao mesmo tempo – os flashbacks e as sequências furtivas são desnecessárias – e ter dois Homens-Aranhas para controlar, o que reduz tanto a imersão como a identificação com os personagens. Nos melhores momentos, porém, quando os heróis se deslocam a alta velocidade por Nova Iorque, saltando de teia em teia, parando pequenos crimes e ouvindo podcasts, a caminho de um objectivo ou sem rumo definido, é soberbo; uma das melhores experiências que vamos ter este ano com um comando nas mãos. Há até uma justificação ludonarrativa para perder tempo com estas distracções – mesmo quando a vida dos protagonistas está um caos e o tempo não chega para tudo. Disp
Ricardo Ribeiro: “O fado está sempre presente [nos discos que faço]”
Ricardo Ribeiro ainda mal acabou de dizer olá quando pergunta se “podemos tratar-nos por tu?” Claro que sim. A empatia é imediata. É um homem pacato, honesto e, como bom alentejano (adoptivo) que é, gosta de meter à vontade quem fala com ele. É frontal e não deixa nada por dizer, mas mede as palavras e pede desculpa sempre que discorda de uma pergunta ou afirmação. Por exemplo, a editora Warner descreve o novo álbum, Terra que Vale o Céu, como um regresso ao fado. Mas ele não parece estar totalmente de acordo. O fado, diz, está presente em tudo o que fez, o que faz, o que fará. Mesmo quando é contaminado por outras músicas do mundo. Dirias que o Terra que Vale o Céu é o teu primeiro disco em sete anos, ou seja, desde o Hoje É Assim, Amanhã Não Sei? Ou em quatro, desde o Respeitosa Mente, que fizeste com o João Paulo Esteves da Silva e Jarrod Cagwin?É o disco depois de quatro anos, depois do Respeitosa Mente. Mas não ligo muito a essas coisas. Se bem que este disco está mais próximo do Hoje É Assim, Amanhã Não Sei, que era um disco de fado, do que do Respeitosa Mente, mais mediterrânico e longe do fado.Perdoa-me discordar um bocadinho dessa tua opinião. Porque o fado está sempre presente [nos discos que faço], não se consegue dissociar. Amália dizia muito sabiamente e muito inteligentemente: “Eu nunca vou deixar de ser uma batata. Posso ser uma batata frita, cozida ou assada, mas serei sempre uma batata.” Neste caso, como gosto mais de tomate, nunca vou deixar de ser um tomate
A two-men-band de Benjamim e Samuel Úria mostra-se em palco
Começou por ser uma relação de amizade e de admiração mútua, consolidada através de muito pontuais encontros em palco – um concerto solidário aqui, uma homenagem acolá. No meio destes encontros e conversas, Benjamim ainda tentou enviar uma ideia que tinha começado a explorar ao piano para Samuel Úria, para ver se ele lhe escrevia uma letra e, quem sabe, se a gravavam juntos. Iriam gravá-la, mas foi preciso esperar alguns anos. Antes, Benjamim convidou-o para participar no disco Tozé Brito (de) Novo, que ele produziu com João Correia, e mais tarde se materializou num concerto de tributo na Altice Arena – um dos tais encontros fortuitos em palco. No ano passado, porém, estiveram juntos num episódio do projecto audiovisual Conta-me uma canção. Seguiu-se um espectáculo, meio concerto, meio conversa, no Teatro Maria Matos (Lisboa), já este ano, depois o single “Os Raros” e agora dois concertos concebidos de raiz para os palcos do Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, onde tocam neste sábado, 4, e do Teatro Sá da Bandeira, no Porto, na quarta-feira, 8. Sem o convite para colaborarem em Conta-me uma canção, era provável que nada do que aconteceu este ano tivesse existido. “Acabou por ser um evento que nos obrigou a encarar a sério a uma parceria que estava ou latente ou que acontecia sempre de uma forma muito despreocupada”, começa por dizer Samuel Úria. Logo a seguir, corrige-se. “Também houve uma vez em que o Luís [Nunes, vulgo Benjamim] veio cantar comigo no Auditório Carlos Paredes, em
Ralphie Choo: “Sentimos uma necessidade de estímulos constantes”
Quatro anos depois da última edição, o Jameson Urban Routes está de volta. Entre quinta-feira e sábado, vão passar pelo Musicbox artistas como o cantor Eddie Chacon, a carioca Ana Frango Elétrico ou o produtor croata Only Fire, no primeiro dia; o rapper londrino Lord Apex e o DJ português Pedro da Linha, na sexta-feira; ou a banda pós-punk portuense Conferência Inferno, os espanhóis Dame Area e o venezuelano DJ Babatr, no sábado, entre muitos outros. O destaque desta edição, no entanto, é a estreia em Portugal de Ralphie Choo, um dos fenómenos do momento em Espanha, que editou recentemente SUPERNOVA, um álbum enformado pela internet e pela geração que ela formatou, inquieta, desatenta, constantemente à procura de novos estímulos. Para ouvir na sexta-feira. O teu nome artístico é inspirado no Ralph Wiggum, dos Simpsons. Ele não é um miúdo popular, de todo – é alvo de bullying, é um coitado. O que te atrai nele?Por ser um bocado a definição de pureza, age inconscientemente e sem querer fazer mal a ninguém. Ele não sabe de nada nem finge saber, limita-se a viver com o que tem e é feliz. Não pretende resolver grandes enigmas ou fazer perguntas para as quais não há resposta. Só quer encontrar o amor... Por acaso, o teu apelido artístico, Choo, também vem dele, de um episódio da quarta temporada em que ele se declara à Lisa Simpson. É consensual que esses foram os melhores anos da série. Continuas a vê-la, ou gostas só dos episódios antigos?Parei de ver há muito tempo. A única cois
Rita Vian passou mais de uma década em busca do ‘SENSOREAL’. Ei-lo
Começou como um sussurro. Havia uma miúda nova cujo segundo single, “Sereia”, tinha sido remisturado por Branko. E algumas orelhas, ainda poucas mas boas, começaram a levantar-se para ouvi-la. Depois veio a “Purga”, destacada por rádios, sites e plataformas de streaming no malfadado ano de 2020. Seguiu-se o EP de estreia, CAOS’A, em 2021; e concertos em quase todos os festivais portugueses, em 2022. Agora, em 2023, chega finalmente SENSOREAL, o primeiro álbum. Foi editado há uma semana, apresentado em primeira mão no Iminente Takeover há nem 15 dias, e a 7 de Dezembro vai ouvir-se no Lux. Quando a maioria a descobriu em 2020, porém, Rita Vian já tinha escrito uns quantos capítulos da sua história. Tinha estudado no Conservatório e no Hot Clube; completado a licenciatura em Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; passado pelas redacções de órgãos de comunicação de referência; desistido do jornalismo e saltado para trás do balcão da Musa de Marvila. Pelo meio, concorreu à Operação Triunfo; cantou tantos fados para os seus familiares e para os amigos do hip-hop que acabou a participar no disco de um deles, Mike El Nite; também passou pelos Beautify Junkyards, uma das mais subvalorizadas bandas portuguesas dos últimos anos – isto apesar de terem editado pela Ghost Box, seminal editora britânica de uma electrónica assombrada pelo passado, por Marx, pelo capitalismo e outros espectros. Hoje, quando faz o balanço do que fico
The Legendary Tigerman: “Não queria ficar preso ao passado”
Paulo Furtado já viveu muito. Conhecemo-lo nos anos 90, de guitarra em punho, ladeado por Victor Torpedo, Kaló, André Ribeiro e Toni Fortuna, os Tédio Boys, gangue coimbrão reconhecido pelos concertos orgiásticos e pelo rock and roll afogueado que propagavam. Mas nenhum fogo arde para sempre e, ao fim de uma década, separaram-se. Furtado, por exemplo, reinventou-se como o frontman e evangelista rock dos WrayGunn, ao mesmo tempo que vestiu a pele de The Legendary Tigerman, bluesman e banda de um homem só. Desde então, viveu muitas vidas e bebeu de ainda mais músicas e fontes. Zeitgeist, o disco que agora edita, é outra guinada estética; mas não vai apanhar desprevenido quem tiver prestado atenção ao trabalho desenvolvido pelo músico português nos últimos anos. Femina é, de certa forma, a primeira coisa que o novo Zeitgeist traz à memória. No álbum de 2009 ouvíamos um homem-tigre diferente, a renunciar ao eremitismo dos primeiros discos a solo e a rodear-se de vozes femininas para imortalizar um conjunto de canções em que explorava diferentes sonoridades. Relativamente novas, vá. Fossem originais ou versões – de Daniel Johnston, de Danzig, de Lee Hazlewood via Nancy Sinatra, etc. – nada do que ali se escutava soava fora de lugar ou era 100% novo. A admiração e a afinidade com os músicos evocados não eram segredos nem causaram surpresa, e as composições originais limitavam-se a trazer para o universo de The Legendary Tigerman sons e referências que já conhecíamos de outras banda
O futuro desagua no Cais do Sodré em mais uma edição do MIL
Desde 2017 que o festival e convenção MIL – Lisbon International Music Network, que este ano se realiza entre quarta, 27, e sexta-feira, 29, promove o diálogo entre os agentes musicais e outros sectores da sociedade. Fá-lo através dos concertos, que à noite enchem as ruas do Cais do Sodré de um público sedento de novidades, mas sobretudo nas conferências, debates e masterclasses diurnos. Pedro Azevedo, um dos programadores do MIL e do Musicbox, gosta de dizer que “o desafio é conseguir que a convenção não seja um sítio onde só se fala de arte e da indústria musical, mas que tenha temas que são urgentes ou pertinentes para a sociedade em geral discutir”. Esta abordagem tem tanto de desafiante como de correcta. Afinal, a música e a arte que vale a pena espelha, e ocasionalmente molda, a sociedade que a produz. O trabalho dos críticos, curadores e programadores culturais é – ou devia ser, pelo menos – mostrar como e o que é ao certo reflectido, mapear ligações entre artistas esteticamente díspares e o contexto histórico e material em que trabalham. Quando há umas semanas fomos ao encontro dos Meia/Fé, auto-intitulado “gangue juvenil insurgente baseado” que dá o quarto concerto da sua ainda curta mas vibrante existência na sexta-feira, 29, no Titanic Sur Mer, no âmbito do MIL, a ideia era perceber quem eram, de onde vinham, o que fazia os seus corações bater e instrumentos estrebuchar; ajudar a sua música a chegar a mais ouvidos. Mas bastou um minuto para a conversa tocar no pri
Benjamin Clementine: “Um dia vamos morrer, e as canções vão continuar a existir”
Há cinco anos que Benjamin Clementine não nos dava música quando, em 2022, nos presenteou com o terceiro álbum, And I Have Been. E daqui a uma semana, depois de quatro anos afastado dos palcos portugueses pela pandemia, o cantor e compositor britânico passeia a sua pop sofisticada e meio barroca pelos palcos do Sagres Campo Pequeno, em Lisboa, e da Super Bock Arena, no Porto. Antes, conversámos sobre a sua carreira e desconversámos sobre o mérito artístico do sampling. Estavas há cinco anos sem lançar um disco quando o And I Have Been saiu, em 2022. O que andaste a fazer?Tornei-me um pai de família. E a pandemia atrasou um bocado as coisas. Mas teve um lado positivo, que foi forçar-me a abrandar o passo e passar mais tempo a pensar e a escrever. Este disco é apenas a primeira parte de uma trilogia. O segundo deveria ter saído este ano, mas já só deve chegar no início do próximo. Esses discos já estão gravados, ou ainda estás a fazê-los?Ainda os estou a acabar, não gravei nada. Mas mudei o meu processo de composição. Dantes começava por escrever, e criava a música depois. Agora faço o oposto: primeiro componho e penso nos arranjos, e só a seguir é que vejo onde se encaixam as palavras. Mas já tens pelo menos nomes para os discos?Ainda estou a pensar nisso. Mas se calhar vou chamar-lhes And I Have Been 2 e And I Have Been 3. Versam sobre ter-me tornado pai e marido, sobre a tentativa de equilibrar isso e a minha carreira. Por falar nisso, editaste um single com a tua mulher, a
Ben Yosei: “A religião verdadeira é uma que inclui toda a gente”
Ben Yosei é uma figura fascinante. Baptizado Rafael Trindade há 24 anos, é autor de uma música inclassificável e bela. Um artesão de canções honestas em que a electrónica ambiental e os ritos e vivências do interior do país colidem e se transformam em beatíficos sonhos pop, sob a égide de Panda Bear, James Ferraro e outros bravos exploradores dos ângulos mortos onde o inconsciente colectivo e a música popular se enroscam. Lagrimento, o seu álbum deste ano, é uma homenagem em vida à sua avó, “a pessoa mais importante” para ele. Consegue, porém, soar universal – versa sobre o medo da perda e a importância de aproveitarmos todos os momentos passados ao lado das pessoas que (nos) importam. É, também, um entrevistado cativante, modesto e com um ar tímido que esconde um interesse genuíno por uma imensidão de assuntos, da luta livre americana ao anime japonês e, claro, a música, a fé religiosa e a intersecção destes mundos. É fácil perder noção das horas enquanto se fala com ele. No sábado passado, porém, tínhamos o tempo contado: uma hora e um quarto até ao início do festival DayDream Re:loaded, na ZDB, onde cantou um tema com o seu cúmplice frost.y. Por um lado, ainda bem: se assim não fosse, o mais certo era ficarmos a falar até sábado, 16, antes do seu concerto na Cossoul (Lisboa). Assunto não faltaria. No texto de apresentação do Lagrimento, agradeces às pessoas que te ouvem e dizes que esperas que a tua música “retribua o favor e a crença ao contribuir para o espírito do ouvin
Os VEENHO fizeram ‘Lofizera’ para se salvar, “para nos salvar”
Lofizera, o álbum de estreia dos VEENHO, abre com insolência – a atitude – e “Insolência” – a canção. Ouvimo-la pela primeira vez em Dezembro de 2020, quando era apenas mais um single. Passados três anos, mantém a mesma urgência e pertinência. Aliás, para muitos, depois de uma pandemia que arruinou milhões e num contexto em que as crises se multiplicam e os horizontes de futuro se desvanecem, as suas palavras podem até soar mais pertinentes. Quando nos sentimos a afogar, assustados e à procura de um – de qualquer – salva-vidas, precisamos ainda mais de ouvir que “amanhã assusta/ lofizera para nos salvar”. Escutámos pela primeira vez a palavra “lofizera” há meia dúzia de anos, a meio de VEEENHO, o segundo EP da banda lisboeta. A faixa chamava-se “Cerveja Lofizera”, tinha menos de três minutos e pouco mais de dez palavras: “depressão matinal/ saudades da galera/ que nunca morra este sol/ nem a cerveja lofizera”. Guitarras a estrebuchar, riffs colados ao melhor indie rock dos 90s, secção rítmica inquieta, e um homem a repetir estes versos as vezes que fosse preciso. Na altura, os VEENHO lembravam os Wavves – até os títulos dos discos evocavam os californianos, com uma das letras a repetir-se no nome do grupo e no título do primeiro EP, e a mesma letra fora de sítio a surgir três vezes no segundo. Os VEENHO de 2017 eram uma boa banda, com energia, fúria de viver e as referências certas. Não havia muitas assim em Portugal. Foi por isso que Manel Lourenço, a Primeira Dama da Xita R
Uma dúzia de concertos a não perder no MEO Kalorama
A primeira edição do último grande festival de Verão europeu foi um absoluto sucesso. E tudo indica que ainda não é na segunda volta que vão vacilar. Entre esta quinta-feira, 31 de Agosto, e sábado, 2 de Setembro, dezenas de artistas muito diferentes vão ocupar os quatro palcos montados no Parque da Bela Vista. Vai ser preciso fazer pelo menos uma ou duas escolhas por hora. E a Time Out está aqui para o ajudar. Dos Blur a Dinamarca, estes são os espectáculos a não perder no MEO Kalorama. Recomendado: Underdogs invade Kalorama com momentos de aproximação às artes
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POSTMODERNIST GAMES: Dead Club
Primeira sessão dos Postmodernist Games da editora Russian Library no Desterro. O programa gira em torno de Glitterbug, derradeira obra completada por Derek Jarman, compilando filmes em Super 8 datados de 1971 a 1986 e capturados em jeito de diário visual. A sua exibição será acompanhada por uma instalação de vídeo de Marisa Tristão e Sebastião Bizarro, DJ sets de João Castro com Isabela Abate, e de Astrea, performances de Bruno Humberto e de Pedro Henrique, e um concerto dos Dead Club. O duo de Violeta Luz e João Silveira acaba de editar o single "I Need It", com uma versão da "Space Oddity" de David Bowie no lado B, e tem um novo EP na calha para o Outono. A sua música é um lânguido exorcismo synth-punk, com tanto de assombrado como de sedutor.
Lisboa Games Week
Três anos depois da última edição física, o Lisboa Games Week volta a ocupar os pavilhões da FIL, no Parque das Nações, entre 17 e 20 de Novembro. Ao longo destes quatro dias, no maior evento de videojogos do país, vai ser possível experimentar e conhecer novos títulos e plataformas de jogos, desde consolas e simuladores de realidade virtual a computadores e telemóveis; mas também experimentar máquinas de arcada vintage e consolas retro. Os e-sports voltam a ser um dos principais focos da programação, com várias competições a disputarem-se no recinto. Continua também a haver espaço para o cosplay e a cultura pop, com espectáculos de wrestling, bancas de artistas independentes, merchandising e sessões de autógrafos. Há ainda conferências e uma aposta no serviço educativo, para levar os videojogos ao maior número de pessoas. E o maior número de pessoas à FIL.
Sortidos MIL
Ainda falta mais de meio ano para a próxima edição do MIL. Mas, para assinalar o início das candidaturas de artistas para o festival de 2020, o Musicbox decidiu fazer uma espécie de MIL em ponto pequeno, com artistas emergentes do continente europeu. A primeira a subir ao palco, no sábado, será a harpista portuguesa Carolina Caramujo (na foto), que se encontra a gravar o primeiro álbum a solo, com lançamento previsto para Novembro. Segue-se a cantora e compositora indie catalã Núria Graham, que editou em 2017 o disco Does it Ring a Bell? por El Segell del Primavera. Depois é a vez de GENTS, duo dinamarquês de synthpop romântica e nostalgica, cujo novo álgum Humam Connection, deve sair a 11 de Outubro. O último concerto da noite é o de Kukla, cantora eslovena de turbo-pop. Depois há Dj sets de Dinamarca, que apesar do nome é chileno e vive na Suécia, e do português Progressivu.
Built To Spill
Os Built to Spill ajudaram a definir e a expandir o som do indie rock americano nos anos 90. Liderados por Douglas G. Martsch, cantor, herói da guitarra, principal compositor e único membro permanente do grupo ao longo das décadas, gravaram temas que se tornaram clássicos da canção eléctrica americana e álbuns que mais parecem monumentos, cuja influência foi quase imediata e se continua a sentir. Discos como There’s Nothing Wrong With Love (1993) um disco de indie-pop de guitarras, áspero, conciso e com o coração na lapela, sem o qual os primeiros (e bons) trabalhos dos Death Cab For Cutie nunca teriam existido. Ou Perfect From Now On (1997), o terceiro álbum e o primeiro com o selo da multinacional Warner, com as suas canções paisagísticas e cordilheiras de guitarras que se confundiam com o mapa americano e nas quais escutávamos pontos de contacto com o que os contemporâneos Modest Mouse estavam a fazer. Ou Keep It Like A Secret (1999), o terceiro clássico consecutivo e combinação quase perfeita entre a abordagem mais directa do disco de 1993 com a epicidade do seu sucessor. É precisamente Keep It Like A Secret que ouviremos esta quarta-feira na Zé dos Bois, Um segredo mal guardado depois dos concertos de Oruã e Shaolin Soccer. Doug Martsch e companhia têm celebrado ao vivo os 20 anos do disco, e um dia antes de actuarem no NOS Primavera Sound trazem a Lisboa os segredos mal guardados que são as suas canções. Não faltará nenhuma. Desde clássicos indie efusivos como “The Plan
Ciclo Maternidade
Vários artistas da Maternidade vão desfilar pelo palco do Auditório Municipal António Silva, no Cacém, entre sexta-feira e sábado: Filipe Sambado, Bejaflor, Catarina Branco, Aurora Pinho e Vaiapraia. O convite partiu do teatromosca, mas a promotora teve “carta branca” para fazer o que quisesse, garante o cantor e compositor Filipe Sambado. “Optámos por ter só concertos de bandas associadas à Maternidade porque nunca tocámos no Cacém. Nenhum de nós”, diz Rodrigo Araújo, vulgo Vaiapraia, outro dos mentores da agência. Desde finais de 2014 que a promotora Maternidade dá música a Lisboa e ao resto do país. Além de agenciar cantores como Luís Severo, Filipe Sambado e Vaiapraia, entre outros, teve durante muito tempo uma mensalidade nas Damas, onde deu a conhecer inúmeros e bons músicos independentes portugueses (chegou recentemente ao fim), e ao longo dos anos trouxe várias bandas estrangeiras a Portugal, em muitos casos pela primeira vez. No Ciclo Maternidade deste fim-de-semana, os concertos começam às quatro da tarde de sexta-feira, na estação ferroviária do Rossio, onde vai actuar a cantora/ compositora indie Catarina Branco, que editou o primeiro EP, ‘Tá Sol, este ano. O cantor e produtor de pop caseirinha e electrónica Bejaflor, que se estreou com um belo disco homónimo no ano passado, é o segundo a tocar, a partir das nove no Auditório Municipal António Silva. A noite termina com Filipe Sambado (na foto). “Naquele belo formato solo, muito comunicativo, de guitarra ao peito
Paião
João Pedro Coimbra, Nuno Figueiredo, Jorge Benvinda, Marlon e VIA são os Paião. E, como o nome sugere, interpretam canções escritas e cantadas por Carlos Paião, um dos maiores nomes da pop portuguesa da década de 80. Depois de um primeiro concerto, no ano passado, durante o Festival da Canção, e da edição de um CD, chamado apenas Paião, apresentam-se ao vivo no Capitólio.
José Pinhal Post-Mortem Experience/ Catarina Branco/ Sreya/ Japo
Durante muito tempo, a Noite às Novas foi uma das bonitas noites (passe a redundância) da Zé dos Bois. Uma espécie de baile de debutantes em que artistas mais ou menos desconhecidos se davam a conhecer, e por onde ao longo dos anos passou uma legião de gente boa, de Norberto Lobo a Alek Rein ou a Sallim. Entretanto o nome caiu em desuso ali para os lados da rua da Barroca, apesar de a ZDB ter continuado a revelar novos valores e, ocasionalmente, até a juntá-los todos numa só sessão. É o que vai mais uma vez acontecer na sexta-feira. Porque, apesar de o velho nome não ser usado, a ideia é mais ou menos a mesma. Há a recriação do repertório de José Pinhal, nome mais ou menos desconhecido da música ligeira do Norte de Portugal, pela José Pinhal Post-Mortem Experience, que agrega músicos da Favela Discos e dos Equations, e recria o repertório do cantor com destreza e músculo, mas sem qualquer ironia. Pela primeira vez em Lisboa. Vai ouvir-se também a indie-pop caseirinha de Catarina Branco, que vai apresentar o EP de estreia acompanhada pela sua banda. E as canções pop fora do baralho e difíceis de compartimentar de Sreya, que já ouvimos em Lisboa em mais do que uma ocasião e cujo primeiro disco, Emocional, tem mão de Conan Osiris. Depois dos concertos, há um DJ set de JAPO, vulgo Menino da Mãe, vulgo Bernardo Bertrand, pronto para nos fazer dançar com a sua electrónica.
12 anos do Musicbox
12 Anos. O número pode não ser redondo, mas não é por isso que o Musicbox não vai assinalar a data com a pompa do costume. As comemorações arrancam pelas 21.30 de quinta-feira, com a habitual entrega de presentes em forma de música gratuita. Neste caso, concertos de Pedro Mafama, cantor e produtor de uma música portuguesa difícil de delimitar, com tanto fado como hip-hop; do duo Môrus, de Alexandre Moniz e Jorge Barata; e dos Sunflowers (na foto), banda portuense de garage-punk com tensão psicadélica. Segue-se, à meia-noite e meia de quinta para sexta-feira, o ponto alto das festividades, a estreia em território nacional de Ms Nina, nome de proa do perreo espanhol, a trabalhar nos campos do trap e do reggaeton mais liberto e futurista. No país aqui ao lado, anda há uns anos a meter o público a dançar com a sua música sugestiva e abertamente sexualizada, mas positiva, questionando ideias heteronormativas de género e domínio. O regresso aos palcos dos Sensible Soccers, agora com uma nova formação, está marcado para sexta-feira. A banda portuguesa vai mostrar as novas composições a incluir num eventual sucessor de Villa Soledade, álbum de 2016 que sintetiza com mestria a vastidão electrónica, ensinamentos krautrock e a synthpop oitentista. Conhecendo o historial deles, o mais certo é vir aí coisa boa. Depois do concerto dos Sensible Soccers, na sexta-feira, a festa continua com Nuno Lopes, sem dúvida o melhor DJ português que também é um actor conhecido, e Dupplo, que é como que
Kiss/ Megadeth
Os Kiss são mais conhecidos do que a música que fazem. Gene Simmons, Paul Stanley e companhia – Tommy Thayer na guitarra e Eric Singer na bateria completam a actual formação, nos lugares e pinturas faciais dos históricos Ace Frehley e Peter Criss – andam nisto desde 1973 e são lendas do hard rock, todavia são mais as pessoas que reconhecem as suas caras maquilhadas, as vestes de cabedal e aquela língua do que as que conseguem trautear um par de canções deles. Parece estranho, mas é apenas o reflexo da maneira como a banda superou as limitações da sua música, de nicho, e se tornou uma instituição da cultura popular do Ocidente. Os autores de “I Was Made for Lovin’ You” (a mais conhecida canção dos Kiss, que nem sempre é tocada ao vivo) partilham o cartaz com os Megadeth, que garantiram ainda na década de 80 o seu lugar no pódio do thrash metal californiano e continuam aí para as curvas. Dystopia, de 2016, é o mais recente disco da banda de Dave Mustaine.
Meatbodies
O nome de Chad Ubovich confunde-se com os Meatbodies, a banda que lidera e à qual já emprestou o nome. Confunde-se também com algum do melhor garage rock californiano dos últimos anos – antes dos Meatbodies, tocou na banda de Mikal Cronin e continua a acompanhar esse ícone garageiro que é Ty Segall, nos Fuzz. Mas concentremo-nos nos Meatbodies, que regressam ao MusicBox no sábado e no dia seguinte fazem das suas no festival Milhões de Festa. Editaram este ano Alice, álbum conceptual cuja lírica é indecifrável, mas cuja música não desilude: garage rock distorcido, com psicotrópicos à solta na corrente sanguínea. Tão violento como inspirador. Revigorante.
The Divine Comedy
Entre os muitos que já tentaram fazer da música pop uma amálgama de ideias clássicas com sensibilidades modernas, poucos o conseguiram com a imaginação de Neil Hannon. A música dos seus Divine Comedy é um universo sumptuoso de pop orquestral enlaçada com destreza lírica. Mãos menos hábeis não saberiam conferir tanta elegância aos floreados teatrais que ornamentam a sua música, mas Neil Hannon é uma criatura rara, um compositor tão inteligente quanto galhofeiro. Foreverland, aventura-se no mundo romantizado da mundanidade, serpenteado por cordas e sopros. Louva a extraordinariedade dos quotidianos mais vulgares, pintados com referências históricas, melodias sensoriais, letras laboriosas e um coração pop sempre a palpitar. Com referências que vão desde Catarina, a Grande, à Legião Estrangeira Francesa, mas sem deixar de ser um álbum disfarçadamente autobiográfico sobre aquilo que vem depois do “felizes para sempre”. Mesmo quando escreve de forma mais dissimulada, autodepreciativa ou espirituosa, Neil Hannon só escreve canções de amor. É um romântico incurável, que se há-de fazer?
Night Lovell
O prodigioso rapper e produtor canadiano Night Lovell estreia- -se ao vivo na Zé dos Bois mais perto do final do mês. Apresenta o álbum do ano passado, Red Teenage Melody.
News (413)
Patti Smith e Tirzah são os faróis que iluminam o Belém Soundcheck
Há um novo e primaveril festival em Lisboa. Chama-se Belém Soundcheck, vai realizar-se de dois em dois anos, em Belém, e açambarca múltiplas músicas e géneros. A primeira edição realiza-se entre 21 e 24 de Março do próximo ano e tem dois nomes que se destacam a sério: Patti Smitth e Tirzah. Sobre Patti Smith, não há muito a escrever que nunca tenha sido escrito. Pioneira do punk, heroína do underground e do mainstream nova-iorquinos, escritora, poeta, ícone. Daqui a uns anos, quando se falar dela, vai pensar-se que nunca existiu. Não há pessoas assim, dirão. Mas houve, ela existiu. Lenda. No Centro Cultural de Belém, a poeta, cantora e compositora norte-americana não vai só dar um concerto. Aliás, não vai dar um concerto, não vai tocar as canções que crescemos a ouvir. Ao vivo, pelas 19.00 de 23 de Março, apresenta a performance Correspondences, concebida em colaboração com os artistas do Soundwalk Collective, entre a música, a poesia e as artes visuais. Um dia antes, no MAC/CCB, Patti Smith inaugura a exposição "Evidence", criada mais uma vez em colaboração com o mesmo colectivo. "Uma jornada poética e imersiva através das viagens físicas, sonoras e visuais do Soundwalk Collective ao entrar em diálogo com as trajetórias poéticas de Patti Smith", escreve a organização. Como se isto não bastasse, ainda a 23 de Março, a seguir a Patti Smith, toca Tirzah, compositora e intérprete britânica de canções electrónicas claustrofóbicas e doridas. Ouvi-la é ser afogado por r
O NOS Alive não sossega. Benjamin Clementine é a nova confirmação
Deus meu, eles não param. Primeiro foi a Dua Lipa, um dia depois a vez de The Smashing Pumpkins. Depois de 24 horas sem notícias, eis que há mais um nome para o NOS Alive: Benjamim Clementine. O britânico junta-se a The Smashing Pumpkins no primeiro dia do festival, 11 de Julho de 2024, e a Dua Lipa no segundo dia, 12 de Julho. O cantor e compositor, que ainda no outro dia esteve em Portugal, vai tocar no Palco Heineken, o maior dos secundários. O alinhamento há-de incluir algumas canções de And I Have Been (2022), o disco que trouxe a Lisboa em Setembro, mas é possível que tenha um novo álbum para apresentar. De acordo com Benjamin Clementine, And I Have Been “é apenas a primeira parte de uma trilogia. A segunda deveria ter saído este ano, mas já só deve chegar no início do próximo”. Ou não. Em entrevista à Time Out, no Verão, revelou que ainda não tinha gravado “nada” do prometido álbum. O NOS Alive '24 realiza-se entre 11 e 13 de Julho, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras. Os bilhetes custam entre 84,53€ e 203,30€. Já estão à venda online e nos locais habituais. + Os Pluto estão de volta aos singles e vão cantar os parabéns ao Musicbox + O novo Vale Perdido não é um festival, é “uma aventura sonora”
O novo Vale Perdido não é um festival, é “uma aventura sonora”
“Uma aventura sonora cuidadosamente desenhada durante os últimos meses”. É assim que, no Instagram, os responsáveis pelo Vale Perdido descrevem o ciclo de concertos que arranca esta quarta-feira, na Igreja de St. George, passa pelo 8 Marvila e termina no domingo à noite, na Lisa. Os dois programadores e impulsionadores da ideia, Joaquim Quadros e Sérgio Hydalgo, a quem mais tarde se juntou Gonçalo Blanco, referem-se ao mais recente projecto como sendo um “não festival”, com “canções, música mais imersiva, África ritual, da tradição e do futuro, rave e catarse”. “A ideia sempre foi sempre conseguirmos fazer acontecer um evento que desvirtuasse a ideia per se de vários palcos, dezenas de artistas e muita informação. Quisemos ser mais cuidadosos”, diz Joaquim Quadros, outrora da Vodafone FM e hoje um dos donos do Vago e da Lisa. A programação tinha sido pensada para cinco dias, “com princípio, meio e fim”, para que o público pudesse “experienciar tudo, com tempo e energia”, nas palavras de Sérgio Hydalgo. “Queremos que esteja disponível para a descoberta”, avisa o programador independente, que passou mais de uma década na Zé dos Bois e agora colabora regularmente com o B.Leza. O concerto de Joanna Sternberg nessa sala, com a portuguesa Maria Reis na primeira parte, era um dos mais aguardados do festival, mas foi cancelado na sequência de um diagnóstico de covid-19. Uma baixa de peso que forçou a organização a passar as canções indie da vocalista e guitarrista de Pega Monstro par
The Smashing Pumpkins juntam-se ao cartaz do NOS Alive
Os potenciais cabeças-de-cartaz da próxima edição do NOS Alive estão a ser revelados a conta-gotas. Na segunda-feira, a promotora Everything Is New confirmou o regresso de Dua Lipa a Portugal, a 12 de Julho do próximo ano. Esta terça-feira, foi anunciada a passagem de The Smashing Pumpkins pelo Passeio Marítimo de Algés, no primeiro dia do festival, 11 de Julho. Os norte-americanos voltam ao mesmo Palco NOS onde estiveram ainda em 2019, já com a actual formação (menos o guitarrista e teclista Jeff Schroeder, que foi à sua vida este ano). Ao vivo, os fundadores Billy Corgan, James Iha e Jimmy Chamberlin são acompanhados por um par de reforços – Jack Bates e Katie Cole. Do quarteto original, só falta mesmo a baixista D'arcy Wretzky. A principal razão para ouvir os Smashing Pumpkins em 2023 são, obviamente, os clássicos do rock alternativo imortalizados durante a década de 90 e espalhados pelos álbuns Gish, Siamese Dream, Mellon Collie and the Infinite Sadness e Adore. No entanto, é bem provável que o público seja sujeito às canções de Atum: A Rock Opera in Three Acts, trilogia discográfica editada entre 2022 e 2023. O NOS Alive '24 realiza-se entre 11 e 13 de Julho, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras. Os bilhetes custam entre 84,53€ e 203,30€. Já estão à venda online e nos locais habituais. + Sónar traz Oneohtrix Point Never e 2manydjs de volta a Lisboa em 2024 + Os Pluto estão de volta aos singles e vão cantar os parabéns ao Musicbox
Dua Lipa é a primeira artista confirmada para o próximo NOS Alive
Com o Natal à porta, o cartaz do NOS Alive estava completa e estranhamente vazio. As pessoas não iam comprar bilhetes assim. Agora, há um argumento de peso para as levar ao festival: Dua Lipa. A estrela pop britânica (mas filha de kosovares e com nacionalidade albanesa) editou o último álbum, Future Nostalgia, logo no início da pandemia, em Março de 2020. Mas tem um novo disco em gestação e acaba de editar o single “Houdini”. Canta a 12 de Julho no Passeio Marítimo de Algés. Na sua música sentem-se as saudades de um passado que ela não viveu, mas aponta para o futuro. Num misto de revisionismo e futurismo, traz canções suculentas, prontas para as pistas, oh tão pop. O NOS Alive '24 realiza-se entre 11 e 13 de Julho, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras. Os bilhetes custam entre 84,53€ e 203,30€. Já estão à venda online e nos locais habituais. + Sónar traz Oneohtrix Point Never e 2manydjs de volta a Lisboa em 2024 + Os Pluto estão de volta aos singles e vão cantar os parabéns ao Musicbox
Os Pluto estão de volta aos singles e vão cantar os parabéns ao Musicbox
O Musicbox abriu as portas pela primeira vez há praticamente 17 anos, a 6 de Dezembro de 2006. A data costuma ser assinalada com uma sucessão de concertos e DJ sets que se prolongam por vários dias, e este ano não será excepção. O grande destaque da programação, que este ano dura de 6 a 9 de Dezembro, é a estreia dos Pluto na sala do Cais do Sodré, a 8 de Dezembro, uma sexta-feira. Formados por Manel Cruz e Peixe após a separação dos Ornatos Violeta, em 2002, os Pluto lançaram apenas um álbum, Bom Dia (2004), e estiveram vários anos adormecidos, apesar de nunca se terem oficialmente separado. Regressaram aos concertos durante O Salgado Faz Anos... Fest!, no início do ano passado, e encerraram 2022 com uma actuação no Super Bock em Stock, em Lisboa. Estão prestes a lançar um novo single, o primeiro em muitos anos, que vão apresentar no Musicbox. As celebrações, no entanto, começam logo a 6 de Dezembro, com o regresso ao Cais do Sodré do Expresso Transatlântico, o trio dos irmãos Sebastião (guitarra eléctrica) e Gaspar Varela (guitarra portuguesa) mais Rafael Matos (bateria), que aponta novos e roqueiros caminhos para o fado e outras músicas do mundo, no álbum de estreia, Ressaca Bailada, lançado há pouco mais de um mês. No dia seguinte, 7, a artista afrotravesti Puta da Silva e o quarteto nordestino Rastafogo juntam-se para reinterpretar na íntegra a música popular brasileira e docemente psicadélica de Índia, icónico disco editado por Gal Costa há 50 anos. E a 9
Há uma compilação de poesia palestiniana espalhada por Lisboa – e online
“Trazer a ética e a escola do punk para o mundo editorial” – desde a primeira hora que é esta a meta e a razão de ser da editora Traça, de acordo com o seu fundador, o poeta e homem dos sete ofícios conhecido como cobramor. Há uns meses, isso materializou-se na tradução para português dos Primeiros trabalhos: 1970-1979, de Patti Smith – que vai ter uma segunda edição limitada ainda este ano, uma vez que a primeira já se encontra esgotada. Agora, chegou a altura de concretizar outro objectivo: a publicação de uma fanzine, a que chamou apenas Poesia de Resistência – Palestiniana. Ao longo de 17 páginas, este caderno compila maioritariamente poemas de escritores palestinianos, mas também de uns quantos judeus israelitas – cuja obra questiona e problematiza o sionismo. Tawfiq Zayyad, Mahmoud Darwish, Salem Jubran, Fadwa Tuqan, Sameeh Al Qassem, Mosab Abu Toha, Yehuda Amichai, Elana Bell, Naomi Shihab Nye e Mois Benarroch são os autores escolhidos. Cada um contribui um texto – traduzido por cobramor – e é apresentado numa breve nota biográfica. Poesia de Resistência – Palestiniana encontra-se disponível online, podendo ser descarregado em formato PDF, a custo zero e facilmente. Mas também tem aparecido fisicamente nalguns locais de Lisboa e não só, incluindo livrarias. “Falei com várias pessoas, a que podemos chamar uma rede de amigos conspiradores, e muitas delas têm imprimido em vários pontos do país, colocando a publicação disponível para as pessoas a levarem”, explica o editor
Por uma noite, vão dançar-se slows no Planeta Manas
Até há um par de anos, a partir de certas horas, não se passava nada para os lados do Prior Velho. Nos últimos meses, porém, inauguraram três discotecas nesta vila do concelho de Loures – Nada, Komplex e Higher Ground – que é cada vez uma paragem obrigatória do roteiro nocturno lisboeta. E antes de todas elas abriu o Planeta Manas, espaço cultural e de culto gerido pela associação cultural Mina e pela Rádio Quântica, onde na maior parte das noites se ouve uma electrónica pesada e contagiante, escolhida com gosto e misturada com habilidade e carinho. Todavia, nesta sexta-feira, 27 de Outubro, vão ouvir-se menos batidas por minuto no Planeta Manas, que por uma noite vai ser reconfigurado (e decorado) pelas mulheres do Club CCC. O Club CCC não é um club per se. Mas é um clube, no sentido em que é “uma associação de pessoas para um fim comum ou com um interesse partilhado”, para usar a definição do Dicionário Priberam online de Português. Essas pessoas são DJ Caring (um dos três “C”), auto-intitulada “instigadora cultural”, com ligações à agência Outer, à editora Tresor e ao festival Berlin Atonal, uma filha da Margem Sul que depois de meia vida passada no Reino Unido voltou para Portugal durante a pandemia; Chima Isaaro, outrora Chima Hiro (mais um “C”), DJ com carreira feita em Lisboa e presença regular nas cabines de discotecas como o Lux, com vez mais datas lá fora; CC:DISCO! (o terceiro “C” deste Club CCC), DJ e produtora australiana radicada há cinco anos em Lisboa, tão hab
Sónar traz Oneohtrix Point Never e 2manydjs de volta a Lisboa em 2024
Sabíamos, desde Abril, que o Sónar ia voltar a instalar-se em Lisboa, pelo terceiro ano consecutivo, nas noites de 22 e 23 e nos dias 23 e 24 de Março de 2024. Só não se sabia quem é que cá vinha. Até agora. A organização acaba de anunciar os primeiros nomes para a edição portuguesa do venerado festival de música electrónica e cultura digital, com os 2manydjs à cabeça. O duo belga vai apresentar em Lisboa um espectáculo inédito, com um par de convidados de peso: Erol Alkan e Éclair Fifi. Juntam-se a eles outros DJs com experiência internacional, como Bonobo, Eliza Rose, Florentino, DJ Gigola, CC:DISCO! ou o duo de Tiga e Hudson Mohawke, que trazem a Portugal o espectáculo audiovisual Love Minus Zero. O contingente nacional, por agora, conta com Chima Isaaro, XEXA e os encontros de Supa com Ghetthoven e Moullinex mais GPU Panic. Ao nível dos concertos, destaca-se Oneohtrix Point Never, vulgo Daniel Lopatin, figura tutelar de uma electrónica nostálgica e ambiental, quase evaporada e assombrada por fantasmas e memórias pop. Editou recentemente o elogiado álbum Again, e já estamos a contar os dias para voltar a vê-lo. Sevdaliza, Tommy Cash ou Shygirl são outros dos artistas confirmados para mais um Sónar Lisboa. A edição deste ano volta a concentrar-se no Parque Eduardo VII, onde durante o dia vai haver palcos cobertos e ao ar livre, enquanto à noite a acção se cinge ao interior do Pavilhão Carlos Lopes. Regressa também o programa paralelo Sónar+D.
Anna Calvi, Valete e outros artistas reforçam o Super Bock em Stock
O Super Bock em Stock, que volta a ocupar diversas salas da Avenida da Liberdade e arredores entre 24 e 25 de Novembro, uma sexta-feira e um sábado, continua a receber reforços, de Portugal e do estrangeiro. Nesta quarta-feira foram anunciados mais oito nomes, mas há um que enche o olho: Anna Calvi. Esta não é a primeira nem há-de ser a última vez que a cantora e compositora indie britânica se apresenta ao vivo em Portugal, mas é sempre uma alegria reencontrá-la. Além disso, desde a última vez que a vimos, Anna Calvi lançou uns quantos discos, incluindo Tommy, o EP do ano passado, com canções que escreveu para a sexta e derradeira temporada de Peaky Blinders. Destaca-se também a confirmação de Valete. O veterano rapper montou um concerto de raiz a pensar no festival, com três convidados muito diferentes entre e de si: o cantor e produtor de pop electrónica Moullinex; o popular rapper Papillon; e os Black Company, pioneiros do hip-hop nacional. No mais recente lote de confirmações estão também Sam Tompkins, Inês Monstro, Mónica Teotónio, Nilson Dourado, Pons e Stckman. Estes artistas juntam-se aos já anunciados Gilsons, Will Butler, Ela Li, Filipe Karlsson, João Só (com os Capitão Fausto a darem-lhe uma mãozinha), Azart ou Blaiz Fayah, entre outros. Os bilhetes, por enquanto, ainda custam 55€ online e nos locais habituais. + O cinema documental e a música das margens roçam-se no Sonica Ekrano + Vaiapraia mexe connosco há dez anos. E não nos deixa esquecê-lo
O cinema documental e a música das margens roçam-se no Sonica Ekrano
Sonica Ekrano quer dizer algo como “ecrã sonoro” ou “tela de som”. É estranho ainda que familiar, como é suposto o esperanto ser, e dá uma ideia do que nos aguarda do outro lado do Tejo, no Barreiro, terra de trabalhadores e de um dos primeiros núcleos de divulgação e estudo do esperanto em Portugal, na viragem para o século XX – um pedacinho de história que ajuda a explicar o nome da mostra de “cinema documental e músicas das margens” organizada pela OUT.RA desde 2021. Na terceira edição, que se realiza entre esta quinta-feira, 26 de Outubro, e o próximo sábado, 4 de Novembro, há 19 filmes para ver, incluindo dez em estreia nacional, além de concertos e DJ sets. “As primeiras edições correram bem. Confirmámos que há público para o que propomos”, garante Rui Pedro Dâmaso, da OUT.RA, responsável pela organização e programação desta mostra e também do OUT.FEST. Não era garantido que houvesse interesse, “tendo em conta que, primeiro, é um festival de cinema documental; ponto dois, só com filmes sobre música; e além disso com música que está longe de ser mainstream”, elenca o programador. “[Nos anos anteriores] tivemos público que vem para o OUT.FEST e para os concertos. Mas também muita gente do Barreiro, que sai para ver um documentário sobre um artista mas, se calhar, não sairia para ver um concerto.” Este público local, que não é o do icónico festival de músicas exploratórias, é muito importante para a organização. A primeira edição, em 2021, realizou-se em Setembro, entre os
Vaiapraia mexe connosco há dez anos. E não nos deixa esquecê-lo
Sozinho, no palco da Sociedade Musical União Paredense (SMUP), Rodrigo Vaiapraia expurga demónios; faz deles canções. Uns metros à frente e uns centímetros abaixo, o público sentado sente, sorri, chora; canta com e – quando, pontualmente, ele se esquece das letras – para ele. O momento é de reencontro com fãs, críticos, músicos e outros co-conspiradores desta luminária do queercore nacional, a brilhar nas ilhas britânicas há uns anos. O ambiente é de festa, que as primeiras Demos de Vaiapraia foram expostas no Bandcamp em Outubro de 2013, há dez anos, e há uma data redonda para assinalar. Mas é também de ensaio geral, porque ao concerto iniciático de 12 de Outubro, na SMUP, vão seguir-se mais 11, de norte a sul de Portugal, nas próximas semanas. No dia seguinte, sexta-feira, 13, Rodrigo está a tocar na Festa d’Anaia, em Cantanhede; no sábado, 14, no Café Avenida de Fafe, e no domingo, 15, no Beleza Teatro, em Rio Maior. O próximo concerto está marcado para quinta-feira, 19, no Mercado Negro, em Aveiro. Segue-se o Maus Hábitos do Porto, na sexta-feira, 20, e a sala homónima de Vila Real, no sábado, 21. Depois de uns dias de descanso, toca nas Damas (Lisboa), a 27, na Casa de Cultura de Setúbal, a 28, e no festival Sonica Ekrano, na Sala 6 do Barreiro, a 31. Por fim, toca a 3 de Novembro, no Salão Brazil, em Coimbra, e a 4, no Café-Concerto RUM by Mavy, em Braga. Não é normal, em Portugal, um artista independente dar tantos concertos, tão próximos cronologicamente e em pontos t